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26 de fevereiro de 2011

O primeiro dia





Eu digo que até dormir se tornou uma tarefa difícil, que não consigo parar de pensar. Faço textos pra dizer amenidades como quando lembro de você ao escutar aquela música ou para lembrar de como seus olhos ficam pequenos enquanto você sorri. Ressurge com delicadas recordações de momentos nos quais você ainda nem desconfiava que eu só tinha olhos pra você. Entre pequenas brechas, o desgaste entre as soldas da armadura me torna cada vez mais penetrável. Existem inúmeras teorias sobre qual foi realmente a primeira vez em que nossos caminhos se cruzaram e sobre como tudo seria mais fácil se…
Eu o observava de uma forma incrivelmente arrebatadora, não deixando que lhe sobra-se espaço pra nenhum tipo de raciocínio lógico. Não fazia sentido e talvez esse era o sentido afinal. Não existem alternativas além da violenta vontade de mergulhar tão fundo quanto meu tímpano possa permitir, até que meus pulmões esvaziem-se por completo reivindicando por uma dose de ar puro novamente.
Carinhosamente entrelaçava a mão na dele enquanto o seu polegar parecia fazer suaves desenhos ao redor da minha pele. Esboçava um sorriso lateralizado, que confessava uma covinha tímida, enquanto tinha dificuldade de manter os olhos fixos nele. Eu tinha um enfarto agudo do miocárdio muito em breve, tinha sempre à mão uma aspirina, se não começar a inspirar profunda e lentamente. Eu sentia corar-lhe a face e meu corpo passava a eliminar grandes quantidades de calor, a mão tremia descontroladamente ao som da batida ansiosa dos meus pés no chão.
Eu o escutava balbuciando algo ininteligível.
Disfarçava.
O momento TERIA se tornado perfeito se não pronunciássemos uma só palavra sequer.
Agora, você se foi, e talvez acho que para nunca mais voltar em minha vida. Mais eu ainda te amo.

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